PDT de Ciro Gomes oficializa apoio a Lula no segundo turno
O PDT oficializou nesta terça-feira (4) o apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial. O partido do ex-presidente aceitou incluir três propostas do programa de Ciro Gomes ao seu plano de governo, em uma conversa que começou ainda no domingo (2) após a apuração – o candidato pedetista terminou a eleição em quarto lugar, com 3,04% dos votos (3.599.287 de votos).
Com isso, o plano de governo de Lula, que é alvo de críticas de adversários por não estar totalmente definido, terá o programa de renda mínima de R$ 1 mil por família, a renegociação de dívidas de brasileiros que estão negativados nos serviços de proteção ao crédito (SPC/Serasa) e o projeto de implantar a educação em tempo integral nas escolas brasileiras (veja mais detalhes abaixo).
“Tivemos agora, neste exato momento, uma hora e meia de reunião com toda a executiva nacional de partido, e decidimos unanimemente a decisão de apoiar o mais próximo da gente que é o de Lula, de 12 + 1. A nossa prioridade absoluta é derrotar Bolsonaro, não admitimos nenhum pedetista apoiando Bolsonaro”, disse Carlos Lupi, presidente do PDT, durante o anúncio.
Ciro Gomes não participou do anúncio, mas Lupi afirmou que ele endossa a decisão do partido mesmo com as críticas feitas ao longo da campanha. O presidente do partido minimizou e disse que esse “acirramento” faz parte de qualquer eleição, em que o “processo politico descamba, mas partido existe pra isso, que se reúne e acata. O Ciro endossa integralmente a decisão do partido, não viajará e já declarou esse apoio”, completou.
A campanha de Ciro diz que ele vai se pronunciar ainda nesta tarde.
Lupi também afirmou que uma outra proposta de Ciro será incorporada ao plano de Lula: a de se criar um “Código Nacional do Trabalho” para revogar trechos da reforma trabalhista que, segundo ele, retiraram direitos dos trabalhadores.
Com esse apoio, a campanha de Lula espera conseguir boa parte dos quase 3,6 milhões de votos de Ciro no primeiro turno, que pode aumentar a margem sobre Bolsonaro na disputa da segunda rodada eleitoral.
MDB, PSDB e Podemos podem ser os próximos
A campanha de Lula espera, agora, o apoio dos partidos que integraram a coligação de Simone Tebet (MDB), que terminou a eleição em terceiro lugar com 4,9 milhões de votos. O partido dela, o PSDB e o Podemos devem anunciar seus posicionamentos entre esta terça (4) e quarta (5).
A expectativa é de que o MDB oficialize apoio ao
petista, por conta das afirmações que Tebet fez ao longo da campanha contra o
presidente Bolsonaro. E, mesmo nos estados em que saiu com candidato próprio ou
em coligação, o partido foi com Lula.
Levantamento feito pela Gazeta do Povo aponta que dos nove estados em que a legenda teve candidato próprio, três estiveram com Lula. Já nos outros 18 em que o partido estava coligado, três apoiaram Bolsonaro e sete fizeram campanha para o petista.
Por outro lado, o Cidadania, que também fez
parte da coligação de Simone Tebet, já sinalizou o apoio a Lula no começo da
noite de segunda (3). Em uma nota publicada no site, Roberto Freire, presidente
nacional da legenda, elogiou o desempenho de Tebet na eleição e pediu que a
executiva nacional oficialize o apoio ao petista.
Disputa pelo União Brasil
Além dos votos de Ciro e Simone, a coligação de Lula está em busca também dos 600 mil votos de Soraya Thronicke, do União Brasil. Em um pronunciamento nesta segunda (3), Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, disse que iria conversar com o partido, que conquistou a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados, com 59 deputados, e a segunda maior do Senado, com 12 cadeiras.
A própria Soraya foi crítica a Bolsonaro ao
longo do primeiro turno, mas manteve a neutralidade nos primeiros
posicionamentos após a votação de domingo. “A semeadura é facultativa, a
colheita é obrigatória. Boa sorte, Brasil”, disse em uma publicação no Twitter.
Luciano Bivar, presidente do União Brasil, ainda não se pronunciou. À reportagem, o partido disse que ele vai se reunir com aliados nesta quarta (5), em Brasília, para bater o martelo e oficializar o apoio para o segundo turno entre quinta (6) e sexta (7).
No entanto, o vice-presidente do partido, Antônio Rueda, tem conversado com os partidos dos candidatos, inclusive com Bolsonaro, com quem tem contato através do filho Flávio Bolsonaro, senador do PL.
Propostas de Ciro incorporadas ao programa de
Lula
Veja abaixo quais são as propostas do plano de governo de Ciro Gomes que serão incorporadas ao de Lula para ter o apoio do PDT no segundo turno:
1- Renda mínima de R$ 1 mil
Embora não seja citado no programa oficial protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o projeto intitulado de “Programa Eduardo Suplicy” vai englobar o Auxílio Brasil, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o seguro-desemprego e a aposentadoria rural, ao custo de R$ 170 bilhões ao ano.
As diretrizes apresentadas por Lula já mencionas um plano semelhante, citado como “renda básica de cidadania”, mas sem citar valores. Ciro Gomes pretendia financiar o programa com um imposto sobre grandes fortunas e remanejamento de recursos já existentes, o que não é sinalizado pelo petista.
2- Renegociação de dívidas dos brasileiros no SPC/Serasa
O programa de Ciro Gomes diz que o endividamento privado de famílias e empresas deverá ser renegociado com taxas de juros menores e prazos mais longos de pagamento, incluindo as dívidas contraídas com o Financiamento Estudantil (FIES), a ser iniciado pelos bancos públicos e, posteriormente, com os privados. Lula já prometeu esta ação e disse que pretende avançar na regulação e incentivar “medidas para ampliar a oferta e reduzir o custo do crédito, ampliando a concorrência no sistema bancário”.
3- Educação em tempo integral
Em seu plano de governo, Ciro Gomes propunha a educação em tempo integral para o ensino fundamental e para o ensino médio profissionalizante, com o “suporte técnico e administrativo do governo federal para a sua implementação”. Já as diretrizes de Lula não preveem explicitamente o ensino em tempo integral, apenas mais investimentos e metas do Plano Nacional de Educação.
Referência: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/pdt-ciro-gomes-apoia-lula/