O pré-candidato à Presidência da República André Janones (Avante) anunciou na tarde desta quinta-feira (4) que está oficialmente fora da disputa ao Palácio do Planalto para apoiar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão, confirmada pelo próprio Janones em uma transmissão ao vivo nas redes sociais ao lado de Lula, veio após uma reunião de pouco mais de uma hora com o petista em São Paulo, com negociações que já vinham sendo ventiladas há quase uma semana.

Na live, André Janones confirmou que está unificando a campanha com o petista e que as propostas – principalmente a do auxílio emergencial – serão incorporadas pela chapa.

“O Lula está encampando as nossas propostas. Vocês sabem que o Auxílio Emergencial foi a grande marca do nosso mandato [de deputado federal] até aqui, da luta que a gente teve para permanecer em R$ 600 e para que não acabasse durante a pandemia. Neste momento a gente retira e unifica a candidatura presidencial do deputado André Janones, a partir desse momento, e passa a ser representada pela candidatura do presidente Lula”, disse Janones.

Também durante a transmissão, Lula agradeceu a união das candidaturas e se disse honrado pela decisão. Em um pronunciamento logo depois com a presença do vice-candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSB), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, entre outros, Lula afirmou que vai sistematizar as propostas do Avante junto de seu programa para apresentar na campanha.

“E juntos vamos fazer a construção de um programa definitivo para apresentar à sociedade. Um programa que seja factível, que a gente possa cumprir, com muita responsabilidade”, disse.

Entre as propostas de Janones que passam a ser incorporadas por Lula estão a criação de uma cota dupla de auxílio para mães solo, a criação da Secretaria de Saúde Mental, mais investimento em educação básica, entre outros projetos.

A incorporação das propostas era uma condição imposta por Janones para desistir da candidatura. Também está entre os projetos a inclusão de pessoas inscritas no Cadastro Único entre os beneficiários do auxílio, que hoje conta apenas com a antiga base de dados do extinto Bolsa Família.

Sinergia de propostas

Antes da reunião, líderes do PT já avaliavam as propostas de Janones como muito próximas das de Lula. Interlocutor do ex-presidente com o mercado financeiro, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) sinalizou que o PT vai defender a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir do ano que vem. “O PT foi o primeiro a defender o valor de R$ 600 de auxílio”, afirmou o parlamentar nas redes sociais.

“Sim [estou disposto a retirar a candidatura para apoiar Lula]. Se não, eu não iria conversar. Tenho total consciência do meu tamanho do ponto de vista eleitoral”, disse ele, que continuou: “Mas ao mesmo tempo tenho noção do simbolismo da minha candidatura nessa eleição”, afirmou Janones em entrevista ao Estadão na última semana, quando anunciou que poderia abrir mão da corrida presidencial.

A desistência de Janones não deve gerar um grande impacto na estratégia de Lula para vencer a disputa ainda no primeiro turno, mas amplia o arco partidário em torno do ex-presidente. Além do Avante, a chapa do ex-presidente com Geraldo Alckmin (PSB) tem o apoio também do PCdoB, PSol, PV, Rede e Solidariedade.