Haddad evita repetir acenos a Lula e foca em ataques a Tarcísio
O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) participou, na noite desta sexta-feira (14), de sabatina organizada por veículos como SBT, CNN e Veja. Inicialmente ocorreria um debate entre o petista e seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas o ex-ministro cancelou sua participação alegando problemas de agenda. Diante disso, como já havia sido estabelecido entre representantes das campanhas, em caso de ausência de um dos candidatos, o outro seria entrevistado por jornalistas dos veículos organizadores.
Na sabatina, Haddad optou por mudar a estratégia que vinha utilizando nos últimos debates, de fazer excessivos acenos ao seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e abordou mais suas propostas, além de apostar em seguidas críticas a Tarcísio de Freitas. As principais delas estiveram relacionadas à ausência do candidato do Republicanos do debate, mas o ex-prefeito também abordou mais de uma vez o fato de Freitas ter nascido no Rio de Janeiro e não em São Paulo.
Ao responder sobre seu posicionamento a respeito de invasão
de terras, o petista afirmou que não permitiria, em eventual mandato, invasão
de terras produtivas. Em casos de terras improdutivas, declarou que, chegando
ao conhecimento do governo, estas seriam desapropriadas para fins de reforma
agrária. Na prática, o Executivo compraria as terras dos proprietários a fim de
disponibilizá-las para a produção agrícola. “Não podemos considerar a hipótese
de invasão de terras produtivas, de um lado, e, de outro lado não podemos
aceitar que a terra não cumpra sua função social”, disse.
Sobre políticas públicas para atender famílias em extrema
pobreza, Haddad afirmou que, em eventual eleição, faria um pacto com os
prefeitos paulistas em torno do combate à miséria, reforçou sua promessa de
aumentar o salário mínimo para R$1.520 e disse que reduziria o ICMS de carnes e
produtos da cesta básica. O petista evitou, entretanto, responder sobre propostas
para a chamada “porta de saída” da pobreza, ou seja, mecanismos que garantam
que cidadãos nessa condição desenvolvam meios de geração de renda para se
tornarem independentes de auxílios do poder público.
Na área da segurança pública, o ex-prefeito foi questionado
sobre como reduziria o déficit de agentes nas forças policiais do estado e de
onde viriam os recursos para aumentar o efetivo da Policia Civil – medida prometida
pelo candidato. Haddad disse que priorizaria a contratação de mais policiais
civis para focar no trabalho de investigação, bem como a reestruturação da
carreira, mas não trouxe informações sobre a origem dos recursos.
Na mesma pergunta, a jornalista também questionou o
candidato sobre uma possível autocrítica em relação a “possíveis erros” de
gestões do Partido dos Trabalhadores. Haddad ignorou o tema em sua resposta.
O ex-prefeito de São Paulo também afirmou que, caso eleito,
não demitiria servidores técnicos que ocupam cargos de confiança no governo
paulista para que não haja descontinuidade. “Se a pessoa tem discordâncias com
as diretrizes de governo e com o plano de governo, ela própria vai pedir para
sair”, disse.
Haddad também sugeriu aumento de impostos estaduais para os paulistas mais ricos, a exemplo do Imposto sobre heranças, e afirmou que, em caso de reeleição de Bolsonaro à presidência, declarou que, apesar de sua preferência por Lula, “defenderia os interesses de São Paulo”, sinalizando que buscaria diálogo com um eventual novo mandato de Bolsonaro.