Despesas das campanhas são 38% maiores do que eleições de 2018

Faltando menos de duas semanas para o primeiro turno, os partidos e candidatos aos diferentes cargos em disputa nestas eleições já gastaram R$ 8,4 bilhões em despesas de campanha, o equivalente a 38,6% a mais do que a quantia utilizada (R$ 6,06 bilhões) nos dois turnos das eleições de 2018. As despesas das campanhas ainda podem aumentar consideravelmente com a possibilidade de segundo turno em diversas disputas estaduais e também na presidencial.

O incremento de gastos se deve, em especial, ao fato de a quantidade disponível de verba pública para as campanhas ser muito maior neste ano na comparação com 2018 em decorrência do aumento do fundo eleitoral. O valor do “fundão” foi de R$ 1,7 bilhão nas eleições de 2018; já para este ano, o montante quase triplicou, passando a R$ 4,9 bilhões.

Em junho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou os limites de gastos permitidos para as campanhas neste ano. Em relação ao teto de despesas de quatro anos atrás, os valores foram atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O valor mais alto permitido é para as campanhas à Presidência da República. No primeiro turno, os candidatos poderão gastar até R$ 88,9 milhões; já no segundo, haverá um acréscimo de R$ 44,4 milhões por candidato. Os demais cargos têm limites diferentes para cada estado – clique para acessar a tabela com todos os valores.

Para onde vai o dinheiro?

Mesmo em tempos de redes sociais, em que os anúncios na internet têm ganhado cada vez mais protagonismo, os impressos gráficos permanecem sendo o carro-chefe de gastos das campanhas eleitorais. Serviços prestados por terceiros, como assessoria de imprensa e consultoria em comunicação e marketing político, também figuram entre os principais custos, assim como a produção audiovisual para rádio, TV e internet, que ganhou uma posição no ranking de concentração de despesas frente a 2018.

Despesas diversas com pessoal, que vão desde a contratação de coordenadores de campanha e assistentes até de motoristas e seguranças, também têm grande participação. Veja abaixo os principais destinos das verbas de campanha até agora:

Os maiores fornecedores até agora

Redes sociais

Nestas eleições, a empresa Facebook Serviços Online Do Brasil, responsável por gerenciar anúncios dos candidatos no Instagram e no Facebook, é a que mais arrecadou até o momento – R$ 39 milhões. A título de comparação, o valor já é quase 70% maior do que o que a organização arrecadou durante toda a campanha eleitoral de 2018.

A candidata que mais destinou recursos para a empresa é Simone Tebet (MDB), que disputa a presidência da República, com R$ 1,9 milhão. Em segundo lugar aparece outro presidenciável: Ciro Gomes (PDT), com R$ 1,2 milhão, que é seguido pelo candidato ao governo do Ceará Elmano de Freitas, do PT . Ele gastou R$ 680 mil com anúncios até agora.

O Google Brasil Internet, que gerencia a contratação de anúncios nas pesquisas do Google, no YouTube e em sites de terceiros, também está entre as empresas que mais lucraram – foram R$ 24,2 milhões até agora. O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o que mais gastou com esse serviço, em um total de R$ 1,9 milhão. O petista é seguido por dois candidatos ao governo do Ceará: o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, do PDT (R$ 1,1 milhão), e o petista Elmano de Freitas (R$ 890 mil).

Plataformas de pagamento

Outro setor que se destaca é o de intermediação de pagamentos pela internet. Duas dessas empresas (Adyen e Dlocal), que faturam com emissões de boletos, financiamento coletivo e demais transações, estão entre os cinco maiores fornecedores nesta eleição. A Adyen, aliás, foi a empresa que mais faturou nas eleições de 2018, com um total de R$ 40,1 milhões.

Agências de comunicação

Agências de publicidades e empresas que fazem produção de conteúdo para rádio e TV também ocupam as primeiras posições no ranking de fornecedores. A organização que mais arrecadou até o momento é a M4 Marketing, que atende exclusivamente a campanha de Lula. Fundada em maio deste ano, a agência já recebeu R$ 25,9 milhões, o equivalente a metade de todos os gastos da campanha do petista até o momento.

Segundo reportagem da Veja publicada em maio, um dos sócios da agência, Sidônio Palmeira, foi acusado pelo Ministério Público de enriquecimento ilícito por um contrato de R$ 7,5 milhões firmado em 2006 com a Câmara de Vereadores de Salvador. A defesa do publicitário nega a acusação e afirma que não houve irregularidades.

A agência Urissanê é outra a figurar no Top-10 de fornecedores. Além de Marquinhos Trad (PSD), candidato ao governo sul-mato-grossense, três petistas – Fernando Haddad, que disputa o governo de São Paulo; Edegar Pretto, que concorre ao governo do Rio Grande do Sul; e Olívio Dutra, que tenta uma cadeira no Senado também pelo Rio Grande do Sul – são atendidos pela empresa, que já faturou R$ 14,5 milhões com as campanhas.

O dono da agência com o contrato milionário é o empresário Otavio Augusto Antunes da Silva, que era filiado ao PT, disputou duas eleições pela legenda em 2000 e 2004 e foi assessor parlamentar do partido entre 2005 e 2016.

Outra agência que teve lucros milionários é a que pertence ao marqueteiro João Santana, que, em eleições passadas, foi responsável por campanhas publicitárias de Lula e Dilma Rousseff. Ele recebeu R$ 8,3 milhões da campanha de Ciro Gomes.

Consultoria

Já na área de consultoria para as campanhas, a empresa Irmãos Soutello & Mendonça é dona da maior fatia do bolo. Simone Tebet, Marina Silva (Rede) e José Serra (PSDB) já desembolsaram, ao todo, R$ 15,4 milhões para a empresa. A campanha de Tebet é, sozinha, responsável por 94% dessa fatia, isto é, R$ 14,5 milhões.

Referência: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/despesas-campanhas-2022-superam-gasto-nas-eleicoes-2018/

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