Como serão os últimos dias de campanha de Lula antes do primeiro turno
Faltando cinco dias para o primeiro turno das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende focar nessa reta final de campanha em ações nas redes sociais e no debate da TV Globo, marcado para quinta-feira (29). Além disso, reservou um espaço na agenda desta semana para participar de um jantar com empresários.
As estratégias visam garantir o engajamento pelo chamado voto útil e na redução da abstenção do eleitorado diante da polarização com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Como parte dessa mobilização, o petista realizou nesta segunda-feira (26) o seu último ato de campanha em São Paulo. O evento, organizado pela esposa do ex-presidente, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, foi marcado pela presença de diversos artistas.
De acordo com integrantes do PT, a ideia é que a semana seja marcada por uma grande “onda” em defesa do voto em Lula já no primeiro turno. Entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro, a campanha ainda estuda um grande ato de rua na forma de caminhada, também na capital paulista.
Como a Gazeta do Povo mostrou, a abstenção é uma das grandes preocupações da campanha de Lula nessa reta final da disputa. Nos cálculos petistas, garantir que segmentos do eleitorado como idosos, mulheres e os mais pobres compareçam às urnas no dia 2 de outubro será determinante na estratégia de vencer a disputa ainda no primeiro turno.
“Nesses próximos dias, a gente vai ter que procurar pessoas que estão indecisas ou que estão dizendo que vão se abster de votar. Aquelas pessoas que quando chega o dia da eleição de manhã, pegam o carro e vão para algum lugar e não querem votar. É o rebelde”, disse Lula, neste fim de semana, em comício no Rio de Janeiro.
Em 2018, quase 30 milhões de eleitores não votaram no primeiro turno das eleições, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, os ausentes representaram 20,33% do eleitorado daquele pleito. Entre o eleitorado analfabeto, por exemplo, a abstenção atingiu 50%. A taxa ficou em 29% entre os alfabetizados.
“Deixa eu fazer apelo para vocês: tudo que o nosso adversário quer é que o povo não compareça para votar. Qual é o problema da gente não votar? É que a gente perde a autoridade moral de cobrar”, disse Lula durante ato com apoiadores em São Paulo.
Campanha quer mobilização em defesa de Lula nas redes sociais
Paralelamente, a campanha espera uma grande mobilização da militância petista e de artistas e influenciadores nas redes sociais em defesa da candidatura de Lula. A expectativa do núcleo de campanha é que o engajamento pelo voto útil seja maior que as críticas por parte dos adversários.
No último domingo (25), o youtuber Felipe Neto publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Lula para declarar seu voto. Com mais de 16 milhões de seguidores no Instagram, a foto de Neto alcançou mais de 1 milhão de curtidas em menos de 24 horas. Na avaliação de membros do PT, esse engajamento pode ampliar a mobilização dos seguidores de influenciadores em prol da candidatura petista nessa reta final.
Além disso, aliados de Lula acreditam que nos próximos dias haverá um crescimento de fake news contra o petista nas redes sociais. Para isso, a campanha ampliou as equipes de monitoramento em grupos de mensagens como WhatsApp e Telegram. No grupo da campanha batizado de “Verdade na Rede” no Telegram, os articuladores já divulgam quais serão as estratégias nessa reta final.
“Daqui pra frente é um novo voto por dia! Vamos conquistar as pessoas contando das propostas e legado de Lula, combatendo fakes e espalhando a verdade!”, diz uma das mensagens encaminhadas na rede.
Jantar com empresários e o mercado financeiro
Ainda nessa reta final da campanha, Lula pretende acenar ao mercado financeiro ao participar de um jantar com empresários do grupo Esfera Brasil. Cerca de 100 convidados devem participar do jantar, entre donos e presidentes de grandes empresas do Brasil.
Além do ex-presidente, a agenda deve contar com a presença de nomes como Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, e do deputado Alexandre Padilha (PT-SP). Ambos são os principais interlocutores do petista com o meio empresarial.
Em abril deste ano, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, esteve com os mesmos empresários num jantar parecido. Estava acompanhada de Gabriel Galípollo, ex-banqueiro, também conselheiro do PT para assuntos econômicos.
Campanha de Lula se prepara para debate decisivo na Globo
Sem agendas públicas para a próxima quarta-feira (28), o ex-presidente pretende se reunir com assessores e articuladores da campanha para se preparar para o debate da TV Globo. Líderes petistas acreditam que o programa será decisivo na estratégia de tentar vencer a disputa ainda no primeiro turno.
Além de questionamentos diretos por parte de Jair Bolsonaro, a campanha de Lula espera ter embates com os candidatos Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB). Apesar disso, a expectativa é de que Lula rebata as acusações sem subir o tom e use a audiência para falar diretamente com o eleitorado do pedetista e da emedebista.
Aliados petistas acreditam que uma eventual “dobradinha” entre Ciro e Bolsonaro no debate pode ser determinante para a estratégia de Lula conquistar os eleitores do pedetista. De acordo com a última pesquisa do instituto FSB, 36% dos eleitores de Ciro Gomes indicam o ex-presidente petista como segunda opção de voto. No levantamento estimulado, Lula aparece na liderança com 45% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 35% e por Ciro, que soma 7%.
Em 2018, o debate na Globo teve média de 22 pontos no Ibope. Com a atualização do número de telespectadores feita pela Kantar Ibope, este índice representaria hoje 4,5 milhões de pessoas diante da TV somente na Grande São Paulo.
Divulgado no sábado (24), o levantamento do Ipespe mostrou que 55% dos entrevistados dizem que “com certeza” vão assistir ao debate da TV Globo. Outros 25% afirmam que “provavelmente” irão assistir, 15% dizem que não irão acompanhar e 4% não responderam. O objetivo da campanha petista é usar a grande audiência da Globo para sensibilizar o eleitorado a votar em Lula e encerrar a eleição no dia 2 de outubro.
Metodologia das pesquisas citadas
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, 2 mil eleitores entre os dias 23 e 25 de setembro de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-08123/2022.
O Ipespe ouviu 1.100 pessoas entre os dias de 21 e 23 de setembro de 2022. O levantamento, encomendado pela Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o protocolo BR-01897/2022.