Bolsonaro, na ONU, critica de forma indireta o PT e Lula
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um balanço das principais realizações de seu governo em seu discurso na abertura da 77.ª assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (20), em Nova York (EUA). Falou sobre a recuperação econômica, desaceleração da inflação, geração de empregos e retorno dos investimentos ao Brasil. Também abordou as ações sociais e sanitárias adotadas para o combate da pandemia da Covid-19, como a compra de vacinas e a criação do Auxílio Emergencial e Auxílio Brasil. Bolsonaro fez ainda críticas à corrupção nos governos do PT (sem citar o partido nominalmente) e culpou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos “desvios” – também sem se referir diretamente a ele.
Bolsonaro disse que, em sua gestão, a corrupção sistêmica foi “extirpada”. Ele afirmou que, entre 2003 e 2015 (anos das administrações do PT), a Petrobras atingiu um alto endividamento devido a “loteamento político e desvios”. O presidente falou que o “responsável” por isso foi condenado pela Justiça em três instâncias, em uma referência a Lula, seu adversário na disputa pela Presidência. O presidente também disse que delatores dos escândalos de corrupção devolveram aos cofres públicos recursos de crimes de improbidade administrativa. “Esse é o Brasil do passado”, disse Bolsonaro.
No discurso na ONU, o presidente brasileiro também tratou de assuntos de interesse da comunidade internacional. Disse que o Brasil é uma das nações que mais preserva o meio ambiente – tema que o país costuma ser alvo de críticas externas. Defendeu um “cessar fogo imediato” na guerra da Ucrânia, bem como “a proteção de civis e não combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para a assistência à população e manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”. Defendeu a reforma da ONU para enfrentar esses problemas internacionais. O presidente também falou sobre as crises humanitárias e sociais na Venezuela e Nicarágua, Numa crítica às ditaduras de Nicolás Maduro e Daniel Ortega. E anunciou que o Brasil está aberto para acolher padres e freiras perseguidos pelo regime de Ortega.
O que mais Bolsonaro falou sobre economia, corrupção, ações sociais e sanitárias
No campo econômico, Bolsonaro disse que seu governo tem um projeto de desenvolvimento sustentável que vem atraindo investimentos e melhorias das condições de vida da população. Disse que, apesar da crise mundial, o Brasil chega ao fim de 2022 com uma economia “em plena recuperação”. “Temos emprego em alta e inflação em baixa. A economia voltou a crescer”, declarou.
Bolsonaro disse que a taxa de desemprego caiu 5 pontos percentuais em seu governo, “chegando a 9%”. Comentou ter reduzido a inflação e que a expectativa para este ano é de um índice na ordem de 6% (menor do que em grande parte do mundo desenvolvido). Citou que foram registradas deflações em julho e agosto. Afirmou que, desde junho, o preço da gasolina caiu mais de 30% e que, atualmente, um litro do combustível no país custa cerca de US$ 0,90, o que daria R$ 4,66 pela conversão do câmbio desta terça-feira. A Agência Nacional de Petróleo Biocombustíveis e Gás Natural aponta, porém, que o litro médio no país custa R$ 4,97 por litro, em média.
O presidente também declarou que o preço da energia teve uma queda média superior a 15% e que isso ocorreu como resultado da “racionalização de impostos”, realizada com o apoio do Congresso Nacional. “Quero ressaltar que o custo da energia não caiu por causa de tabelamento de preços ou qualquer outro tipo de intervenção federal”, disse.
Ao atribuir para seu governo os feitos sobre a economia, Bolsonaro destacou que o Brasil foi o quarto maior “destino” de investimentos estrangeiros diretos, com a corrente de comércio alcançando a marca de 39% do Produto Interno Bruto (PIB). “No plano interno, batemos recordes em três áreas: arrecadação fiscal, lucro das empresas estatais e relação entre dívida pública e PIB”, destacou. Para 2022, Bolsonaro destacou que o crescimento econômico pode chegar a 3%.
Na área social, Bolsonaro disse que, diferentemente do mundo, onde a pobreza aumentou, o índice recuou no Brasil. Ele citou uma projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que aponta que, ao fim deste ano, 4% das famílias brasileiras estarão vivendo abaixo da linha da pobreza extrema. “Em 2019, eram 5,1%”, disse o presidente. Ele também destacou que a criação do Auxílio Brasil provê pagamentos equivalentes a cerca de US$ 4 por dia. Ainda em aceno à pauta social, disse que sua gestão concluiu as obras de transposição do Rio São Francisco, “levando água para o Nordeste”.
Ainda no campo da política doméstica, Bolsonaro disse que, em função do aprimoramento de serviços digitais do governo, o país se tornou sétimo mais digitalizado do mundo. Segundo ele, 135 milhões de pessoas acessam 1,4 mil serviços do governo. Também disse que o Brasil foi pioneiro na implementação do 5G na América Latina. Também destacou uma “abrangente pauta de privatizações e concessões com ênfase na infraestrutura” e novos marcos regulatórios – com destaques para os de saneamento, ferrovias e gás natural.
Sobre os esforços de combate à pandemia, Bolsonaro disse que sua gestão lançou um “amplo” programa de imunização para o enfrentamento da Covid-19, “inclusive com produção doméstica de vacinas”. Afirmou que, em uma nação com 210 milhões de habitantes, mais de 80% da população brasileira está vacinada contra a doença. Destacou que todos foram vacinados “de forma voluntária e respeitando a liberdade individual de cada um”.
Veja o vídeo com a íntegra do discurso de Bolsonaro na ONU
O presidente Jair Bolsonaro começa a falar pouco após os 46 minutos do vídeo, após os discursos do secretário-geral da ONU, António Guterres; e do presidente da assembleia-geral, Csaba Kőrösi.