Atividade no Sudeste perde impulso e destoa de demais regiões com recuo de São Paulo, diz BC Por Reuters
© Reuters. Pessoas caminham em rua de comércio popular em São Paulo
17/12/2020
REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) – O crescimento da atividade econômica foi mais disseminado no Brasil no segundo trimestre, com exceção do Sudeste, que destoou das demais regiões e ficou praticamente estável no período puxado para baixo pelo resultado negativo do Estado de São Paulo, apontou o Banco Central nesta sexta-feira.
Em seu Boletim Regional, a autoridade monetária destacou o provável efeito de impulso sobre a economia brasileira no segundo semestre das medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro meses antes da eleição para reforçar repasses sociais e cortar tributos.
No segundo trimestre, a atividade na região Sudeste recuou 0,1% em relação aos três primeiros meses do ano. O desempenho reflete um recuo de 0,5% na atividade de São Paulo, enquanto os outros Estados da região registraram crescimento, com destaque para Minas Gerais (+1,5%).
“A economia do Sudeste perdeu ritmo no segundo trimestre, refletindo sobretudo o arrefecimento da expansão do comércio e o recuo dos serviços financeiros”, apontou. “O menor dinamismo do comércio, da indústria e de alguns segmentos de serviços contribuíram para a retração da atividade paulista no segundo trimestre”.
Os dados fazem parte do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), medido pela autarquia a partir de indicadores apresentados pelo IBGE e outros órgãos oficiais.
O Nordeste seguiu em expansão no período e apresentou uma alta de 1,0% no índice, refletindo a retomada do setor de serviços e desempenhos favoráveis em agropecuária, construção civil, e indústria.
Citando medidas adotadas neste ano pelo governo, a autarquia indicou um cenário favorável para os próximos meses no Nordeste –onde Bolsonaro, que busca a reeleição, tem maior desvantagem em relação ao líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O possível impacto positivo no comércio varejista das desonerações tributárias, a melhora das expectativas de empresários e consumidores e os efeitos dos programas temporários de transferência de renda devem sustentar a atividade econômica da região”, disse o BC.
Nos últimos meses, em meio à adoção das medidas tratadas pelo governo como emergenciais para mitigar impactos da inflação, a distância entre Lula e Bolsonaro vem caindo gradualmente nas pesquisas de intenção de voto.
Entre maio e o início de setembro, período em que foram implementados o Auxílio Brasil turbinado, benefícios a caminhoneiros e taxistas e desonerações sobre gasolina e , a intenção de voto em Bolsonaro, segundo o Datafolha, subiu de 27% para 32% no primeiro turno, enquanto Lula caiu de 48% para 45%.
No Norte, o crescimento do trimestre foi de 1,5%, pelos dados dessazonalizados, puxado por serviços. O BC também destacou que as políticas temporárias implementadas pelo governo podem impulsionar setores econômicos da região no segundo semestre.
Com fortalecimento de comércio, agricultura, construção e serviços, o Centro-Oeste cresceu 1,1% no trimestre. O BC acrescentou que, além das políticas temporárias, a região pode ser beneficiada pela colheita de esperada para o terceiro trimestre.
A região Sul, por sua vez, apresentou recuperação da atividade após recuo registrado no primeiro trimestre, quando houve uma quebra da produção de . No segundo trimestre, com retomada do comércio, construção e serviços, a economia da região cresceu 2,8%, segundo o índice do BC.
“O impulso adicional à demanda, associado, pelo lado da oferta, à permanência de condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das lavouras de inverno, que sugerem produção regional recorde para o , contribuirão para a melhoria do ritmo de recuperação”, apontou.
Os dados compilados pelo BC são tratados informalmente com uma prévia do PIB. O resultado nacional para o PIB do segundo trimestre foi divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE, com crescimento acima do esperado pelo mercado, de 1,2% em relação aos três meses anteriores, o que rendeu comemorações pelo governo e expectativa de revisões mais positivas para as projeções da atividade no encerramento do ano.