Barroso determina que União compense Alagoas por perdas de arrecadação do ICMS
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na terça-feira (30) que a União compense o estado de Alagoas pelas perdas de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) decorrentes da lei que limitou a alíquota do tributo sobre os combustíveis, o gás natural, a energia elétrica, as comunicações e o transporte coletivo.
A compensação será concedida por descontos nas parcelas da
dívida pública devidas pelo estado. Ao conceder tutela provisória na Ação Cível
Originária (ACO) 3587, o ministro destacou que a União não pode surpreender os
estados com perdas de arrecadação significativas, desorganizando suas finanças,
sem providenciar mecanismo imediato de reparação.
Antes de Alagoas, Maranhão já havia conseguido liminar no STF para suspender o pagamento das prestações a vencer da dívida do estado com a União e mais cinco bancos. Outros estados, como Acre, Minas Gerais e Rio Grande do Norte também já foram beneficiados por decisões do STF no mesmo sentido.
Perda de arrecadação
Na ação, o governo alagoano alega que a Lei Complementar
(LC) 194/2022 considerou os combustíveis, o gás natural, a energia elétrica, as
comunicações e o transporte como bens e serviços essenciais, vedando a fixação,
pelos estados, de alíquotas do ICMS sobre esses produtos em patamar superior ao
das operações em geral. As alíquotas incidentes sobre essas operações, que
variavam entre 18% e 30%, foram reduzidas a 17%, o que, segundo o estado,
causará uma perda de arrecadação estimada em cerca de R$ 461,5 milhões entre
julho e dezembro de 2022.
Em julho o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux,
já havia suspendido a exigência de pagamento das parcelas do mês de agosto,
referentes às dívidas do estado em contratos administrados pela Secretaria do
Tesouro Nacional (STN). O governo alagoano, no entanto, pediu a ampliação do
objeto da tutela de urgência para que a compensação seja mensal, pois as perdas
são experimentadas a partir desse marco temporal.
Barroso cita desorganização orçamentária criada pela lei
Ao conceder a liminar, o ministro Barroso ressaltou que se,
de um lado, os estados devem cooperar com os objetivos legítimos da União de
reduzir preços dos combustíveis, de outro lado, a União não pode desconsiderar
que o ICMS constitui a principal fonte de receita dos estados e que muitos
deles não terão como cumprir os seus deveres constitucionais e legais com uma
queda de arrecadação tão expressiva e brusca.
Em análise preliminar do caso, o ministro entendeu que os critérios de cálculo quanto à compensação devem ser adotados já a partir de julho, início da vigência das alíquotas reduzidas, e devem levar em conta apenas as perdas de arrecadação de ICMS nas operações com os bens e serviços abordados pela LC 194/2022 e que excedam o percentual de 5% em relação à arrecadação de 2021, calculadas mês a mês. Ainda segundo o ministro, a urgência está evidenciada diante da desorganização orçamentária que a lei causou nas finanças do estado e da emergência resultante das fortes chuvas no estado.