A proibição total de vistos para todos os russos, em resposta à operação militar de Moscou na Ucrânia, provavelmente não receberá apoio unânime da UE, disse o chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, neste domingo.

Falando à emissora austríaca ORF, Borrell observou que alguns ministros das Relações Exteriores da UE estarão relutantes em endossar a medida quando se reunirem no final desta semana em Praga.

“Não acho que cortar a relação com a população civil russa ajude e não acho que essa ideia tenha a unanimidade necessária,” ele disse.

O chefe de política externa da UE acredita que o bloco deve adotar uma abordagem mais seletiva.

“Acho que temos de rever a forma como alguns russos obtêm vistos, certamente [not] os oligarcas. Temos que ser mais seletivos. Mas não sou a favor de parar de entregar vistos a todos os russos.”

Qualquer proibição exigiria que todos os ministros chegassem a um acordo, o que pode ser difícil, já que vários estados membros da UE não apoiam a medida, incluindo Alemanha, Hungria, Chipre e Portugal. No início deste mês, o chanceler alemão Olaf Scholz disse que o conflito na Ucrânia “não é a guerra do povo russo,” pedindo a seus colegas ocidentais que distingam entre o povo da Rússia e a liderança da nação.

No entanto, no domingo, o Financial Times informou que os ministros das Relações Exteriores da UE planejam apoiar a suspensão do acordo de facilitação de vistos UE-Rússia de 2007. Como resultado, o processo de solicitação de vistos da UE pode se tornar mais complicado e caro, e o tempo de espera pode aumentar.

“É impróprio para turistas russos passearem em nossas cidades, em nossas marinas”, disse um alto funcionário da UE ao jornal na época. “Temos que enviar um sinal à população russa de que esta guerra não está bem, não é aceitável.”

Anteriormente, vários países, incluindo Polônia, República Tcheca, Estônia e Letônia, pararam de emitir vistos para cidadãos russos. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, argumentou na semana passada que os turistas russos representam uma ameaça à segurança do país.

Comentando as propostas de proibição de vistos discutidas no nível da UE, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, observou que tais iniciativas “não cheira muito bem”, expressando esperança de que o bom senso acabaria por prevalecer.