‘É o Flamengo enfrentando o Bangu’
O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (17), em
entrevista à imprensa em frente ao Palácio do Alvorada, que, após as eleições, receberá
uma ligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhecendo sua vitória
nas eleições de outubro.
“Ele que vai ligar para mim. Eu tenho certeza que eu não vou
ligar para ele. Não tem o ‘se’ nessa questão. É o Flamengo, com todo o
respeito, enfrentando o Bangu, com toda certeza. Não tem cabimento, até com o
time reserva. Com todo o respeito ao Bangu”, disse.
Durante a entrevista, Bolsonaro também manifestou desconfiança
em relação às pesquisas de intenção de voto, que o colocam atrás do petista. “Eu
tenho certeza que tenho votos na rua, na rua eu tenho certeza absoluta que
tenho votos”, acrescentando depois ter apoio entre o público evangélico, dentro
do agronegócio e no “pessoal que gosta de armas”.
“Eu não acredito em pesquisa. Em 2018, eu perdia para todo mundo no segundo turno, e o Datafolha até falava que eu não iria para o segundo turno. Os institutos de pesquisa se desmoralizaram. Eu não dou bola para isso. Que tem gente que vota no Lula, eu reconheço que vota. Mas eu queria conversar com umas pessoas dessas para saber por que votam no Lula”, afirmou depois.
Bolsonaro também lembrou de escândalos de corrupção nos governos petistas, principalmente desvios no BNDES e na Petrobras. Afirmou que seus apoiadores comparecem a eventos de forma espontânea. “O outro lado, quando se reúne, tem pagamento de diárias de 50 reais.”
“O próprio Datafolha fez uma pesquisa dizendo que o Lula é mais honesto que eu. Posso ter um montão de defeito, né, todo mundo tem. Agora, no tocante à honestidade, acho que o Lula perde para qualquer um no Brasil. E o Datafolha falou que ele é o mais honesto”, disse.
Bolsonaro diz não querer rompimento nem ruptura nas eleições
Bolsonaro também falou sobre a reunião que marcou nesta segunda-feira (18) com embaixadores estrangeiros para mostrar dados das eleições de 2014, 2018 e 2020. Disse que não vai “supor” nada, mas que pretende mostrar por que quer uma fiscalização maior do sistema de votação eletrônico.
Depois, criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, por ter dito, nos Estados Unidos, que o Brasil poderá ter um episódio mais grave que a invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, que foi invadido em janeiro de 2020 por apoiadores do ex-presidente Donald Trump que pretendiam impedir a diplomação do presidente Joe Biden.
“O que nós queremos é que acabem as eleições e os dois lados
não tenham nenhuma dúvida. Porque quando o Fachin fala que podemos ter um novo Capitólio,
o que ele quer dizer com isso aí? Só faltou ele falar ‘Lula presidente’ e [que]
eu vou invadir o TSE e não sei o quê. Ninguém quer rompimento, ninguém quer
ruptura. Ninguém quer não, nós não queremos né.”
Bolsonaro também criticou o vice-presidente do TSE,
Alexandre de Moraes, que, na última sexta (15), deu 48 horas para ele se manifestar
sobre uma ação do PT para impedi-lo de fazer discurso de ódio que promova a
violência na campanha eleitoral.
“Está com a AGU [Advocacia-Geral da União]. O cara,
sexta-feira, dá 48 horas. Quer provocar. Não quer o diálogo, não quer solução.
Como tem um vídeo dele falando ‘existe gabinete de ódio’. Vamos lá, queria que
ele apontasse uma matéria que porventura saiu do tal do gabinete de ódio”,
disse o presidente.
Ele também citou a declaração de Moraes, do ano passado, de que iria cassar e prender quem atacasse adversários com notícias falsas na campanha deste ano. “‘Ah, se repetir, vamos cassar registro’. Parece que o espírito de Fidel Castro encarnou aqui em alguém aqui no Brasil. Um magistrado não pode agir sob ameaça, tem que agir de acordo com os autos. E ali ele faz seu julgamento, seus questionamentos, pede para que a Polícia Federal investigue mais. Ele quer intimidar quem? Está buscando a paz, a tranquilidade, a harmonia entre os poderes?”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro conversará com Zelensky
Na entrevista, Bolsonaro também disse que, nesta segunda
(18), receberá uma ligação do presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, em
guerra contra a Rússia desde fevereiro.
“Amanhã recebo uma ligação do Zelensky, ele quer falar
comigo. O que eu posso adiantar para vocês: no telefone, vai estar eu, o ministro
e o intérprete, mais ninguém. Não sei o que ele vai falar comigo, mas pretendo
falar com ele o que eu acho, se ele perguntar para mim alguma coisa, onde podemos
colaborar, vou dar uma minha opinião, só vou dar se ele pedir.”
Pouco antes da invasão russa ao território ucraniano, Bolsonaro
se reuniu com o presidente Vladimir Putin, da Rússia, em Moscou. Nessa reunião,
segundo o presidente brasileiro, foi firmado um acordo para garantir ao Brasil o
fornecimento de fertilizantes para a agricultura.