Os gastos referentes ao fundo partidário, recurso originalmente
previsto para custear despesas cotidianas das legendas, como contas de luz,
água, aluguel e salários de funcionários, tem sido usado para bancar alguns
privilégios, como jatos particulares e diárias em resorts de luxo no Caribe
para políticos e dirigentes partidários. Segundo um levantamento feito pelo
Estadão e publicado
neste domingo (17), ao menos R$ 18 milhões foram gastos em 2021 por
diversos partidos políticos com viagens e hospedagens. Os valores do fundo distribuídos
aos partidos no ano passado foram de R$ 939 milhões.
O PDT, partido do pré-candidato à Presidência Ciro Gomes,
utilizou recursos públicos do fundo partidário para bancar seis diárias do
presidente da legenda, Carlos Lupi, e outro executivo do partido, no resort de
luxo Resort Golf & Spa, em Cancún, no Caribe, durante evento da
Internacional Socialista, realizado em outubro do ano passado. O encontro da
esquerda durou apenas dois dias, mas a dupla permaneceu no local por seis dias.
O total dos gastos chegou a R$ 29,7 mil. Os dados constam na prestação de
contas apresentadas pela legenda ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já o PT apresentou despesas de R$ 698,8 mil referentes a
viagens do ex-presidente Lula e seus
assessores pelo país utilizando um jato particular. Somente as viagens do
petista pelo Nordeste em agosto, quando passou pelas cidades de Recife, São Luís,
Fortaleza, Natal e Salvador, tiveram um custo de R$ 498 mil. Dentre os passageiros
do voos estavam a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann e o ex-prefeito de São
Paulo, Fernando Haddad.
Em nota, os partidos afirmam que os gastos estão dentro da lei e foi realizada a devida prestação de contas ao TSE. O PT alega que as viagens de Lula muitas vezes têm de ser feitas em aeronaves fretadas e afirma que avalia a disponibilidade de datas e competitividade de preços nas cotações. Já o PDT afirma que as viagens de seus dirigentes ao Caribe contempla dias de ida e retorno, agendas da Internacional Socialista e reuniões do colegiado dos vice-presidentes, nos dias anteriores e posteriores à reunião.