Quais as dificuldades de Simone Tebet para formar palanques estaduais
Na semana que antecede o período de convenções partidárias, a candidatura de Simone Tebet (MDB) à Presidência da República disputa o xadrez eleitoral para conquistar palanques estaduais. Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e até no estado de origem da senadora, o Mato Grosso do Sul, conflitos internos deixam o cenário incerto.
No Rio Grande do Sul, apesar do indicativo da Executiva Nacional do MDB, no final de junho, a favor da aliança com o PSDB e o Cidadania em torno da pré-candidatura do tucano Eduardo Leite para a disputa do governo, alas internas do MDB resistem.
Um dos entraves seria o deputado estadual Tiago Simon (MDB), filho do ex-senador Pedro Simon. Tiago defende bandeiras próximas a dos apoiadores de Bolsonaro e é mais simpático à campanha do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL).
Outro grupo, da ala mais tradicional, defende candidatura própria, do deputado estadual Gabriel Souza, que já estava em atividades de pré-campanha quando houve a mudança de planos de Leite, hoje novamente em disputa pelo governo.
A expectativa do diretório nacional do MDB é de manutenção do apoio da sigla ao candidato do PSDB, mantendo a aliança já presente no governo e na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, a pré-candidata disse esperar um palanque duplo do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que declarou apoio ao deputado federal Luciano Bivar (União Brasil) na disputa pelo Palácio do Planalto. No estado, o MDB de Tebet fechou apoio ao projeto de reeleição de Garcia e cobrará espaço em eventos de campanha do tucano.
No estado da senadora, o Mato Grosso do Sul, o diretório nacional do PSDB liberou o apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Com isso, não houve espaço para a dobradinha MDB/PSDB e o caminho natural de Tebet é o palanque do ex-governador e pré-candidato ao governo André Puccinelli (MDB).
Porém, dois fatos estremecem a relação de Puccinelli e Tebet: o marido dela, Eduardo Rocha, é secretário estadual do governo tucano do Mato Grosso do Sul. Além disso, Tebet desistiu de substituir Puccinelli nas eleições ao governo de 2018, quando ele foi preso.
Tebet busca acordos por palanques no Nordeste
Em diversos estados, a conquista de palanques estaduais depende da reta final de negociação. Em Minas Gerais, o pré-candidato tucano ao governo mineiro, ex-deputado federal Marcus Pestana, teve conversas sobre o apoio de Tebet. Porém, o PSDB também manteve diálogo com o PDT para apoio ao presidenciável Ciro Gomes (PDT).
No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) convidou o prefeito Washington Reis (MDB), de Duque de Caxias, para ser seu vice na campanha à reeleição. A situação de Tebet depende da confirmação dessa chapa e da definição do PSDB em torno das candidaturas de Felipe Santa Cruz (PSD) e Marcelo Freixo (PSB), aliado do ex-presidente Lula.
No Paraná, o MDB apoia a reeleição de Ratinho Jr. (PSD), que já teve agenda local com o presidente Bolsonaro. A confirmação da candidatura do tucano Cesar Silvestri Filho pode dar palanque para Tebet. Porém, há conversas para composição com Sergio Moro (União Brasil) ao Senado, o que levaria a chapa para o lado de Bivar.
A situação de Tebet é mais complicada nos estados onde o PT e MDB acertaram aliança: Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Maranhão, Pará, Bahia e Alagoas. Em alguns estados do Nordeste, há espaços para a presidenciável em ninhos tucanos.
Em Pernambuco, o MDB conta com o apoio da pré-candidata do PSDB Raquel Lyra para Simone Tebet, apesar de o MDB estar próximo ao PT. No Sergipe, o MDB não tem candidato ao governo e apoia Alessandro Vieira (PSDB). Os dois estiveram em Aracaju no final de junho para agenda de pré-campanha.