Caminhoneiros se manifestam contra resultado das eleições

Grupos de caminhoneiros iniciaram uma manifestação nas rodovias contra o resultado da eleição presidencial em ao menos oito estados na noite deste domingo (30). Segundo apurou a Gazeta do Povo, entre mobilizações e bloqueio de pistas, há atos em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia. Com, 60,34 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez.

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Ourinhos (SP), Júnior Almeida, confirma que lideranças da categoria convocaram mobilizações em todo o país por insatisfação com o resultado das urnas. “Há indício de fraude, o resultado é suspeito, mas não vou entrar no mérito porque acho que é um assunto nebuloso para caminhoneiro falar”, diz. “Mas a greve é geral, o país para de hoje [domingo] para amanhã [segunda-feira (31)]”.

Conhecido como “Júnior de Ourinhos” pela categoria, o representante destaca que os caminhoneiros que estão paralisados desmobilizarão o movimento apenas se as eleições forem anuladas ou a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Se o Bolsonaro não me ligar, não acaba o movimento”, afirma.

O caminhoneiro autônomo Janderson Maçaneiro, líder da categoria em Itajaí (SC), também considera o resultado eleitoral suspeito e sustenta que a mobilização está “ganhando corpo” para uma paralisação nacional. Porém, ele avalia que a mobilização é prematura e precisa ter um embasamento mais sólido de suposta fraude.

“Tem que ter pauta e fundamento para uma paralisação, até porque o Lula não vai assumir amanhã, vai assumir em janeiro. Daqui até janeiro o nosso presidente é Bolsonaro. Temos tempo para digerir, analisar os prós e contras para daí tomar decisão de ir para rua, fazer paralisação e tudo o mais”, pondera.

O líder caminhoneiro sustenta, ainda, que a mobilização não é organizada apenas por caminhoneiros, e que conta com o apoio de parte da população. “É o povo que está na rua parando os caminhoneiros. Não são apenas os caminhoneiros que estão paralisando”, sustenta.

Qual a chance do ato escalar para uma greve de caminhoneiros

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o “Chorão”, que liderou a greve dos caminhoneiros de 2018, entende que a paralisação convocada por algumas lideranças da categoria não tem capacidade de prosperar e ganhar uma força nacional.

“Existe, sim, uma parcela de caminhoneiros que é apoiadora do presidente [Bolsonaro] e está fazendo essa movimentação, mas não vejo como algo muito grande e com essa força toda, tanto que já tentamos fazer vários movimentos em prol do transporte, da categoria, e não tivemos êxito”, diz.

O presidente da Abrava alerta, porém, para o risco de a manifestação ganhar força com o apoio de empresários do setor agropecuário com um locaute, prática conhecida como “greve de patrões”, que é vedada. Ainda assim, ele considera que as empresas não vão perder oportunidades da safra em apoio a Bolsonaro.

“Estão insatisfeitos pela votação e pelo presidente eleito Lula ter vencido a eleição, mas a gente precisa respeitar e as autoridades terão que ser pouco mais firmes”, destaca. “Eu entendo que nunca devemos lutar contra a democracia desse país, jamais vou fazer isso. É preciso respeitar as urnas. Está comprovado que não existe fraude, nem nada. E a gente precisa respeitar o desejo da maioria”, complementa.

O presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros e Celetistas, Nereu Crispim (PSD-RS), informa que não participa e nem participará de “nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições”. Para ele, os caminhoneiros que participam das atuais manifestações “não representam a categoria”.

“A categoria reconhece o resultado das eleições realizada no dia de hoje, que é fruto da democracia que, inclusive, essas categoria defendeu em sete de setembro de 2021 quando as instituições e o Estado de Direito foram severamente atacadas!”, declarou Crispim em nota à imprensa.

O deputado sustenta que as pautas da categoria são a defesa do piso mínimo do frete, da mudança da política de preço dos combustíveis, a defesa por pontos de parada nas rodovias, a aposentadoria especial aos 25 anos e a unificação dos documentos fiscais, o Documento de Transporte Eletrônico (DT-e).

Referência: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/caminhoneiros-se-manifestam-contra-resultado-das-eleicoes/

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