Bruxelas ‘impõe’ sanções anti-Rússia a membros da UE – Orban
Os europeus não tiveram voz na aplicação dessas sanções, mas estão pagando o preço, disse o primeiro-ministro húngaro
A UE impôs sanções anti-Rússia ao povo dos Estados membros do bloco, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, nesta quarta-feira, ao anunciar o lançamento de consultas nacionais sobre o assunto.
Bruxelas não perguntou aos europeus sobre sua opinião sobre a política de sanções, mas os fez pagar o preço, pois as restrições impostas à Rússia saíram pela culatra, disse Orban, em uma série de Postagens no Facebook. As sanções da UE introduzidas sobre a operação militar da Rússia na Ucrânia “causará enormes danos à Europa”, alertou, acrescentando que as restrições já haviam feito “Europeus mais pobres” por causa da disparada dos preços da energia.
“É hora de ser honesto sobre isso com nossos amigos americanos. Até que seja tarde demais”, disse o primeiro-ministro, apontando para o papel que os EUA desempenharam na campanha global de sanções contra a Rússia. As sanções não conseguiram encerrar o conflito na Ucrânia, argumentou Orban, acrescentando que também parecem prejudicar mais a Europa do que a Rússia.
Consulte Mais informação
A Hungria é fortemente dependente do fornecimento de energia russo. Também tem sido um dos mais ferrenhos opositores das sanções energéticas de Bruxelas contra Moscou e, em particular, se opôs à proibição de importações de petróleo russo até que fosse concedida uma isenção por Bruxelas. Budapeste ainda declarou estado de emergência devido ao aperto no fornecimento de energia neste verão.
Na quarta-feira, Orban confirmou os planos de realizar as consultas nacionais sobre as sanções da UE impostas contra a Rússia, dizendo que pediu “que todos tenham a sua opinião, porque só podemos acabar com o aumento dos preços da energia agindo em conjunto”. A Hungria é a primeira nação da UE a fazê-lo.
Os desenvolvimentos ocorrem em meio a uma crise energética em curso na UE. Desde o início da ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia no final de fevereiro, os preços do gás subiram para recordes na Europa. No final de julho, os estados membros da UE concordaram com um plano para reduzir seu consumo de gás em 15% nos próximos meses, para aumentar a segurança energética do bloco em um momento em que busca se livrar de sua dependência da energia russa.
Consulte Mais informação
A Rússia também reduziu suas exportações de gás para a Europa, citando questões técnicas relacionadas às sanções que o Ocidente impôs à ação militar russa. Vazamentos maciços de gás nos gasodutos russos Nord Stream, que supostamente foram resultado de um ataque direcionado, elevaram ainda mais os preços do gás na Europa.
Os preços vêm subindo há algum tempo, deixando alguns países da UE, incluindo a Alemanha – a potência econômica da UE – em um beco sem saída. No início de setembro, o maior importador de gás da Alemanha, a Uniper, solicitou ajuda financeira adicional do governo, pois estava lutando para substituir os suprimentos russos de gás, apesar de já receber bilhões de euros para cobrir as compras de gás.
Os operadores do Large Hadron Collider – o centro europeu de pesquisa nuclear (CERN) – também admitiram em setembro que a atual crise energética ameaça a operação do maior acelerador de partículas do mundo. Ele poderia ser desligado para diminuir a carga de consumo de energia nos períodos de pico de demanda, disse o CERN na época.