Pesquisadores do Reino Unido desenvolveram uma forma de herpes simplex que pode combater o câncer em pacientes resistentes ao tratamento, de acordo com descobertas apresentadas no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica no início deste ano. O vírus é injetado no tumor, onde se multiplica e explode as células cancerígenas de dentro para fora, enquanto promove a resposta imune do corpo.

Chamado de RP2, o vírus do herpes modificado bloqueia uma proteína que inibe a resposta imune e ‘liga’ genes que desencadeiam uma reação imune anticâncer.

Os efeitos colaterais foram leves, afirmaram os pesquisadores, sendo os mais comuns calafrios, fadiga e febre. Em um estudo com 39 pacientes com câncer de pele, esôfago, cabeça e pescoço e outros cânceres que não responderam a outros tipos de tratamento, um quarto teve uma resposta positiva: seus tumores pararam de crescer, encolheram e em um caso desapareceram completamente. Esse paciente, que tinha um tumor na glândula salivar desde 2017, está livre do câncer há dois anos.

“Nosso estudo mostra que um vírus geneticamente modificado que mata o câncer pode dar um golpe duplo contra os tumores – destruindo diretamente as células cancerígenas por dentro, ao mesmo tempo em que convoca o sistema imunológico contra elas”, disse o líder do estudo Kevin Harrington ao Pharma Times.

Ele explicou que era raro obter um resultado positivo tão distinto dos ensaios clínicos da Fase 1, que são realizados para avaliar a segurança de um tratamento e não sua eficácia. O estudo foi patrocinado pela Replimune, fabricante do medicamento nivolumab, que foi usado junto com o vírus RP2 em 30 dos participantes do estudo. Sete dos 30 receptores de nivolumab mais RP2 se beneficiaram do tratamento, e seis deles mantiveram sua melhora mais de um ano depois.

Os cientistas do Instituto de Pesquisa do Câncer em Londres não são os primeiros a descobrir o potencial dos vírus do herpes para combater o câncer. Um artigo de fevereiro publicado na revista Clinical Cancer Research mostrou um “vírus herpes simplex experimental de combate ao câncer chamado G207” foi eficaz no combate ao câncer cerebral glioblastoma, atacando e matando células tumorais.

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